22 setembro 2008

Esboço de Vida

2.º Capitulo

Apenas percebemos o que nos é importante quando este algo já não é mais nosso. Crescemos pensando no precioso amanhã sem perceber que o que realmente é importante é o agora.
Um sorriso construído em função do momento é muito mais saboroso e real, do que um sorriso construído para o futuro.
Não há tempo eterno, não existe o elixir da imortalidade, mas para quê preocupar-nos com uma amanhã tão distante quando o próprio hoje nos escasseia pelos dedos?
Na vida os menores pormenores têm a maior importância, pois sem eles uma vida bem vivida apenas seria uma vida recheada de sorrisos, ou mesmo uma vida mal vivida apenas seria uma vida lavada de lágrimas.
A importância de tudo é extremamente oculta. Cresci pensando no amanhã, esquecendo-me do hoje, formando um ontem ausente. Mas certamente não viver o segundo de agora como o ultimo é um segundo bem vivido se for um segundo realmente feliz.
A chuva que hoje cai, amanhã não cairá mais, o sol que hoje brilha ficará no passado, como todos os momentos da nossa vida.
Um livro do passado também pode ser uma forma de ler o futuro, porque com acções se constrói um rumo.
Um sorriso que não cresceu por falta de tempo, ou uma lágrima que não correu por falta de ocasião pode transformar um sonho num pesadelo. O coração é como um saco, quando está cheio fica apertado, assim quando reprimimos as emoções é acumulado mais material a este extenso saco chamado “Vida”.
Nem sempre choramos por tristeza, mas sim por amor a todos os sentimentos. Qual é a sentença de uma lágrima oportuna? Ou de um olhar apaixonado comprometedor? Uma vez criado, o sentimento não pode ser controlado, apenas age conforme existe.
Talvez haja uma falsa sensação de controlo, mas no fundo de tudo, o fim é sempre igual, sem diferença. Não digo que uma paixão não pode ser controlada para o exterior, mas bem sei, que no interior o controle é impossível.
É como a natureza, podemos regular um caudal do rio, mas chegará um dia em que a cheia será inevitável. Não há glória eterna sobre o perdido, porque o perdido, apesar de o ser, não está morto, apenas controlado, chegará o dia da ascensão da vida.
Se no fundo temos medo de nos expressarmos, quando perdemos este algo em alguém, a dor mostra tudo o que realmente era encoberto pela pele.
A importância só nos é clara quando realmente entra em acção. Se temos uma grande amizade, mas poucas vezes a demonstramos, só existe a queda á realidade, quando esse alguém é perdido.
Apenas olha-se para o valor do presente quando este já se transformou em passado. Escapando como fumo das mãos, voando como ave pelos céus, sem nunca mais voltar.

Inspirado na Vida

I.P.
(Isabel Patricio)

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