É tão comum pensar que um novo ano representa uma nova oportunidade de mudar de vida, uma nova chance de concretizar certa vontade arquivada! Porém, um ano é, apenas, uma porção de tempo contada e medida pelo Homem, talvez com o objetivo de, deste modo, se estabelecerem prazos e metas, até mesmo com o propósito de se criarem novas oportunidades de começar de novo. Começar de novo é, contudo, enigmático. Nunca um recomeço é, completamente, fresco e original. Nunca o poderia ser, evidentemente! Então, porquê insistir na nova vida? Não estarmos contentes com o quotidiano, com a nossa relação com a sociedade ou connosco não é razão para fingir remover o passado! O passado deve antes ser o impulso. E é aí que reside o nosso primeiro obstáculo. Se porventura encarássemos a História como lição e não como algo a ser, prontamente, aniquilado, talvez esse tal «recomeço» pudesse ser possível. Agora, mais do que nunca, é época de mudar, assim o dizem. A mudança deve surgir como necessidade do espírito, nunca da bolsa. Na verdade, a bolsa pode conduzir à alteração do espírito… Então, mãos à obra, porque a bolsa europeia – particularmente portuguesa – é gritante! Sim, com o ano novo vêm novas vontades: vontade que tempo pare para que possamos limpar todo o nosso histórico, começar de novo, não ignorando o passando, mas aproveitando todos os cêntimos que outrora desprezamos. É chegado, finalmente, a hora de alterar, realmente, as vontades? Ou seremos nós, mais uma vez, apenas, criaturas que almejam o ócio permanente e a riqueza plena? A languidez e a opulência em conjunto nunca foram boas formadoras de caracteres! Como prova disso temos Maria & Julia (Mansfield Park de Jane Austen)
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