04 janeiro 2012

Lado a Lado…

«Quando eu sonhava»
de Almeida Garrett

Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via;
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar,
Agora que estou desperto,
Agora a vejo fixar
Para quê? – Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento.
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava – mas vivia;
Prazer não sabia o que era,
Mas dor, não na conhecia…

«Deliciosa quimera»
de Isabel Patrício

Quando eu cria, era assim
que nos meus sonhos o via;
E era assim que me perdia!
Quando a quimera consumiu-se,
despertei sem a sua companhia.
A dor arrebatou a energia.
Agora a vejo fixar
e definhar, essa deliciosa quimera!
Quem antes soubera
e não me impedira de despertar?!
Quando era idílica a utopia
eu sonhava, mas vivia…
embriagava o ser com o desejar,
inebriava a ausência real que sentia!
O ácido deleite não saciava o ser sedento…
O celeste veneno corrompe a alma, antes, sadia!

Sem comentários: