06 agosto 2012

Quando os anjos se deitam…

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É curioso observar os  diversos estados de enfermidade de um crepúsculo. Com efeito, quando nada há mais que me toque, somente observo este horizonte meio nublado, meio incapaz de combater o cansaço.
Quando a cruel luta intrínseca se acalma e os anjos descansam, eu acordo, finalmente! Durante anos, todas as noites estivais eram os meus dias intermináveis, inconsumíveis e, terrivelmente, longos. Que horror tremendo representava a escuridão e o seu calor extremo, que teimava em acentuar a loucura noturna. Esses anos, porém, abandonaram o meu espírito e, talvez por procurar distração, talvez por esquecer o ócio, o dia derramou-se sobre a minha anomalia preferida: a insónia!
Agora, passada a fase mais negra, deleito-me com os restos mortais da vida: o seu esqueleto que perdura e me encaminha para a perdição. É estranho como crescer se encarrega do esquecimento… quando estamos tão prestes a abandonar a sanidade, doidos com as milhares decisões que se propõem, a vida esquece-nos!
Ontem, a noite parecia um leito divino e eu não duvidei que, se existem, os anjos repoisavam sobre aquele manto. Todavia, o mais notável momento não se tratou do céu noturno, morno e insonso. Antes, apreciei animicamente o por do sol, que me impressionou! Tais cores e tais expressões… Oh como bailava o querer naquele final! Reflexivo e romântico, o momento crepuscular cessou um dia sem interesse com um final triunfante!

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