04 novembro 2008

Esboço de Vida

14º Capitulo

Tenho medo de voltar a errar, de voltar a ter de esquecer para não sofrer, tenho medo que este medo acabe com tudo o que sou.
A vida correu, acordou-me, despertou-me para o mundo, e eu agora simplesmente vejo que não estava parada no tempo. Estava a dormir sobre um longo futuro que tendia a não o ser.
A lágrima correu pelo rosto da mulher que estava sentada no campo ao por do sol, ela virou a cara e escondeu-se da luz, ela tinha medos que não se encobriam nem com panos nem com mentiras.
Esses medos do coração tão encobertos e que teimam em sair para fora sem controlo, este medos que me assombram, mas será que o pior deles não é o de não viver nenhum?
Esta forma poética de explicar a vida, que tende a tornar-me em mim. Tenho medo de mim, porque eu fujo destes medos e do futuro. Esqueço tudo o que me faria feliz, só para não ter a possibilidade de errar.
Ninguém é perfeito, eu sei, mas almejo-o ser mesmo sem o querer. Não quero errar, não quero magoar-me por algo que amanhã será passado e não terá valor nenhum, mas será que isto existe?
Todos os momentos do meu livro do passado são momentos em que recordo grandes sorrisos ou momentos verdadeiramente poéticos, nunca senti emoções tão frias que me congelassem o coração, porque o meu maior medo é o desafio de viver.
Sei que vivo cada dia como o ultimo, sei que passo horas a sorrir, sei que tudo o que sou nunca vai mudar, por isso experimentei um pouco da vida.
Subi até ao topo do futuro e de lá gritei tudo o que tinha para gritar, corri até ao fim do passado e chorei todas as lágrimas que não queriam sair, acordei neste presente e pensei em tudo o que fazia parte de mim.
Decidi que o fim que merecia desta vez não era o mesmo de sempre, porque agora estou mais forte com as derrotas que me fizeram. Aprendi a viver com o medo e o medo a viver comigo.
Fantasmas? Assombravam-me a toda a hora, com seus sorrisos maléficos, faziam viver-me num mudo isolado do nada.
Tantas lágrimas queimaram-me o coração porque não podiam correr, tantos sorrisos fizeram de mim distante, e agora este olhar disse tudo o que sou, porque não consegui controlar o futuro a emergir de mim.
Tentei fugir para não estragar tudo o que tinha, tentei voar e desaparecer, tentei perder-me de mim, mas no final acabei por encontrar a felicidade.
Viajei por tudo o quanto é minha vida, por entre tantos recantos ocultos ao mundo, viajei pelo passado que me fez e pelo futuro que me fará, e parei neste maravilhoso presente e agora me faz.
Tenho medo de voltar a errar, mas agora sei que tudo o que fizer não será um erro mas sim uma vitória, erro seria não viver.
Tenho medo do desafio da vida, mas percebi que um amanhã poderá destruir-me e este hoje é o que de melhor existe.
Aprendi que para viver não é só preciso ser feliz mas também ter medo de não o ser, porque o valor das coisas reside em recantos que só são descobertos quando são explorados.
Percebi que a vida é simplesmente a vida e não um esquema de armadilhas, aprendi que para ser feliz não é preciso apenas sorrir mas também viver!

Inspirado na Vida

I.P.
(Isabel Patricio)

1 comentário:

Bia disse...

Os fantasmas do passado são algo que nos assombra e que nos prende, foi uma óptima ideia referi-los no novo capítulo. Adoro a tua maneira de escrever, pois normalmente gostamos do que é diferente e a tua maneira de escrever é muito diferente da minha. Escreves de forma subjectiva enquanto eu escrevo de forma objectiva.