28 dezembro 2008

Esboço de Vida

26ºCapitulo

Questiono-me ainda, contínuo sentindo-me nesta imensa pergunta, o sorriso abre-se mas o coração continua frio. Nem mesmo o meu nome associo a mim, a melodia da vida parou de soar nos meus ouvidos.
Foram tantos momentos felizes, quase perfeitos, mas a vida encarregou-se de me separa de mim.
Estou acompanhada de imensas pessoas, mas continuo sentindo-me sozinha, continuo no meu mundo, neste mundo onde me refugiei da vida e a vida prendeu-me nele.
As lágrimas da saudade de mim, de me sentir eternamente completa. Esta emoção em tempos me fez feliz e agora anseio o seu retorno.
Esqueci-me de viver quando a vida soava-me, agora simplesmente só, não encontro mais a companhia aguda das notas sonoras de um olhar.
Rita tinha-se separado de Diogo, pois este havia-se mudado de casa. Foi rápido e inesperado, as lágrimas caíram involuntariamente, tão instantâneo como um bater cardíaco.
-Os meus pais disseram que daqui a dois dias vou mudar de casa, vou viver para casa de um tio, enquanto eles vão fazendo a mudança, tu sabes, para me adaptar – explicara Diogo.
-Pois, eu sei o quanto é difícil a adaptação – disse Rita de cabeça baixa e com uma imensa tristeza a invadi-la – bem, sim, tudo bem – levantou a cabeça fez um sorriso, mas não pude evitar derramar uma lágrima.
-Vou sentir tanto a tua falta! – Disse Diogo, passando a mão pela cara dela, tentando parecer forte.
-Nem imaginas quantos vou ter. Foste a primeira a quem eu disse “Amo-te”. Permanecerás eternamente em mim. – Rita falava apaixonadamente embargada na saudade e retirou do seu pulso a sua pulseira da sorte – Fica com isto, quero que te lembres de mim.
-Amo-te agora e mesmo depois de me mudar. Ficarás eternamente em mim.
-Não prometas, tens de viver, por mais que nos custe admitir vamos ter de trair os nossos sentimentos.
Diogo fitava os olhos da rapariga e sem aviso abraçou-lhe, o último abraço.
As semanas que se seguiram foram aquelas em que Rita se perdeu de si.
-Bem, pelos vistos estou condenada a não ser feliz – disse a Jóo, a sua amiga.
-Não sejas demasiado dramática, primeiro namorico acabado…
-Namorico? Pode ser o meu primeiro, mas eu amo-o!
-Seja como quiseres.
A voz do futuro ficou sem notas, ficou sem aquela música.
O amor fez Rita ser feliz, fez adormecer com um esboço de sorriso, mas este mesmo amor fez as mais dolorosas lágrimas serem derramadas.
A melhor escola é a vida, os erros são as melhores lições, mas será que voltar a errar merece castigo? Existem erros cujas lições não são adquiridas, lições que nos fazem desaprender as regras da vida.
Será o amor um erro? Amando, as regras da vida parecem tão absurdas, a infelicidade parece não existir. Não, amar não é um erro. Mas se não é um erro porque então nos faz errar e acabar por ser infeliz?
São tantas interrogações que Rita fazia. Tantos inícios e sonhos acabados. Mas mesmo separados nenhum tinha deixado de amar.


Inspirado na Vida

I.P.
(Isabel Patricio)

1 comentário:

Bia disse...

Último capítulo do ano simplesmente lindo!