25 outubro 2010

Paris, O Azul de Casa!

Há noite, quando já não durmo embargada no terreno do dia, já não sonho com o futuro, consigo distinguir claramente o azul sobre as lajes beges, talhadas hêlenicamente. Consigo ouvir limpidamente a rara ondulação do Sena e mesmo quando está nublado, vejo a Eiffel iluminada e eu, sob a ponte num pequeno barco, apreciando Notre Dame!
É porque de noite, volto a casa e permaneço no leito do meu rio, sendo parte dele e tendo medo de mim, quando ando sobre a ponte que de tão transparente não me oculta. E no final desta união de madeira, está um edifício com uma abóbada azul profundo, um azul que só Paris tem!
Nos prédios não se vê cinzento português, vê-se arte nas varandas e arte nos candeeiros, que de noite não estão lindos, estão deslumbrantes!
No meu sonho, chego ao ínico de Montmatre e desmaio, de seguida volto a mim e já nada é igual, porque na arte o segundo seguinte é o oposto do anterior!
Caminho colina a cima e quando chego ao segundo patamar vejo finalmente a iluminação! É linda! Estão os edificos desligados na sua luminosidade, transbordando luz pelas varandas esculpidas. O lençol de velas parece extasiar-se com a noite, e cresce sem querer olhar para trás.
Então, quando começa a amanhecer, tudo fica mais calmo, finalmente, e a Casa dos Artistas volta a ser quem era. Eu, deitada no exacto segundo patamar da colina, acordo e nada mais vejo do que a minha pessoa reflectida em cada detalhe daquele lugar.
É assim Paris, a reflexão mal pensada de um génio, que na tentativa de ser brilhante, foi apenas o mais magnifico. Paris peca pela humildade que desbota, mas é o ar ingénuo que lhe confere a sofisticação que tantos ousam descrever!
Esta é a Casa dos que anseiam o Evén, na tentativa de o pintarem, esculpirem ou escrevem as suas nuvens num papiro solene.

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