30 outubro 2010

Céu...

Vendi o coração ao diabo e pintei o rosto de negro claro, coberto de negrume que não saía nem se via pela janela do olhar petrificado.
Sorri pela última vez, ainda não era ninguém, e só depois compreendi que estava derramando vida a casa segundo que gastava ouvindo o vento.
Olhei o eclipse perfeito e chorei pela última vez. Voltei a Casa e já não a amava. Depois, simplesmente caí!
Nasceu o dia, voltei a mim, o negrume agora era rosa pálido, o olhar petrificado era fogo que ardia, o sorriso tinha me enchido as veias, voltei a Casa e de tanto a amar voltei a chorar!
Porque na vida, o montante que se esconde debaixo do colchão deixar-nos-á imunes a ela própria, sem sequer sentir o último fio quebrar-se!
Depois, quando descobrires que chorar é sorrir com o coração, que Paris é a tua Casa e que o teu olhar fala mais de ti do que tu próprio, vais deitar-te no relvado da alma, observando, primeiro, as nuvens, tentando adivinhar a que se assemelham, e depois as estrelas, os teus pequenos momentos de felicidade.
Quando o eclipse se tornar em claridade, estarás pronto para cair e levantar-te com o peso do mundo às costas: o peso de quem amas e de quem te apoia! Esse peso deixar-te-á voar e aí verás que ser feliz é apenas ser a borboleta que une o campo de brilho que se reflecte no mar ao imenso sal que não acaba no horizonte.
Cria-te num dia e no seguinte volta-te a colorir, deixa que te vejam a nú e pintado, porque a desbotação da tristeza torna-te ainda mais belo!
Quando, finalmente, a ficha técnica começar a correr, o horizonte se tornar avermelhado e o mar parecer o céu diurno, mesmo estando na noite, observa a lua e aí estarei eu, à tua espera!

Inspirado em Ti!

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