Era uma vez, na Quinta da Regaleira
Pela primeira vez, em dezanove anos, lá se sopraram as velas sem a presença habitual dos progenitores. Faltou o bolo e o champanhe ficou pelo caminho, mas reservou-se para o dia uma viagem à descoberta dos tesoiros de Sintra, em particular da Quinta da Regaleira.
Depois de comboios que não se sabiam certos, paragens e trocas aventureiras, felizmente cheguei à terra dos castelos e da História que, em parte, me parece terrivelmente similar a um cantinho de Casa - as Furnas.
No topo, e logo companhia constante, o Castelo dos Moiros. Alguns quilómetros à frente, a Quinta da Regaleira com o seu soberbo ar de residência de Estivo de algum aristocrata com bom gosto.
À primeira vista, tão imponente no seu neo manuelino que nos revela as constantes amarras da dura expansão e, contudo, quando apreciada, uma verdadeira obra romântica.
Em todo o percurso, estava eu, simplesmente, deliciada com a sensação de ter descoberto o local de origem dos cenários de Rapunzel, já que as torres eram mil e, verdadeiramente, vertiginosas.
Num dia, realmente, frígido, alguns raios de sol são suficientes para iluminar todo e qualquer pormenor dos catorze anos de trabalho de Luigi Manini. As sacadas, elevações e recônditos são o pano de fundo ideal para os casos amorosos entre donzelas e cavalheiros.
Nos jardins, ouvem-se ainda as gargalhadas e os beijos roubados sob a folhagem que, embora escassa, confere ao ar uma tonalidade peculiar.
Na sala da caça, as múltiplas janelas trespassam o espaço de luz e retalhos dos largos jardins sedutores. Um espaço onde a essência masculina é evidente e, no entanto, maculada pelo permanente desejo de escapar e explorar.
Talvez sob a cúpula de algumas destas torres, tenha florescido um romance inestimável ou um amor contrariado. Com construções como estas, fugir da sala do chá é inevitável e ser seduzida pela ideia de uma paixão incontornável.
Uma recomendação definitiva para algumas horas de puras deambulações. Descubra as grutas, as nascentes, lagos e poços. Oiça o ruído do chão nobre sob os seus slippers improvisados e, em tudo, inspirados nas frágeis donzelas que corriam na direção de mais uma paixão.
Um fim de semana romântico, uma viagem de família ou, simplesmente, uma escapadinha para um. Não importa! Tome o comboio (Oriente - Melecas, Cacém - Sintra) e parta em direção de mais um pedacinho da nossa História.
Vai resistir?
Inspirado na vida,
IP
Quinta da Regaleira: 6€ (adulto) ou 4€ (estudante)
Dica: siga para o centro histórica e aventure-se!
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