A Minha Paixão Impressa
Fascinada desde sempre pelas histórias alojadas nas páginas grotescas dos jornais, quando, finalmente, embarquei nos bastidores da redação - ainda que me mantenha num estado anterior à emoção - senti a energia frenética de uma obsessão que, inevitavelmente, exigia um nascimento esplendoroso.
Dos diários consumidos com a brevidade de uma curiosa passei a leitora em constante procura pela notícia mais quente, recente e imediata.
Multiplicaram-se as páginas devoradas, o tempo de antena, atentamente, analisado e as newsletters sem as quais já não sobrevivo.
De facto, há uns meses atrás confessara este vício pouco saudável da informação que precede o derradeiro momento matinal de abrir as pestanas (descubra aqui), mas o frenesim mediático que se tem produzido nos últimos meses constitui um catalisador cruel desta deliciosa sede.
Bem-vindos ao mundo dos futuros informadores e da expedição insaciável à novidade...
Com que frequência se actualiza?
Protagonizo uma extraordinária ronda jornalística - pelos diários da minha preferência - três vezes ao dia, pontuando o percurso com a rápida e prestável newsletter e com o magnífico - frequentemente, cómico - telejornal, antes de deitar..
Qual o seu medium predilecto?
Embora reconheça na televisão um enorme potencial, o jornal roubou grande parte do meu coração.
O ritual de construção cuidada de um texto que se oferece como o mundo mais recente é, simplesmente, divinal.
Qual o seu jornal preferido?
Leal leitora do Público e recente admiradora do Observador (do qual aprecio, particularmente, a newsletter 360º para começar bem o dia).
Papel ou Digital?
O maravilhoso barulho das folhas a si oferecidas - ou pagas a peso de oiro - é, verdadeiramente, fascinante.
Contudo, o digital parece oferecer outras oportunidades no campo do imediatismo.
A possibilidade da actualização ao minuto deslumbra-me e, no entanto, preocupa-me a sua rentabilidade.
Ainda prefere o cheiro do jornal pela manhã?
Quão disposto está a pagar pela Informação?
O preço de um vício incontrolável é nada menos do que penoso, mas, na realidade, bastante evitável.
Assim, embora me assuma como news addict e expresse o desejo de esbater a barreira do leitor, prefiro recorrer à informação grátis como meio de sobrevivência.
Esbarra-se com a paywall das ofertas online e recorre-se aos jornais concedidos pela faculdade, aos projectos inovadores e ao serviço público, que é nosso dever cívico consumir aquilo que patrocinamos.
O que espera do futuro do jornalismo?
Extinguem-se os media ultrapassados ou reformam-se com a mesma esperança que manteve esta a melhor profissão do mundo por tantos séculos.
Almejo o renascimento das notícias entusiasmantes, do fervor do direto e da imensa alegria de lutar por todos com a capacidade mais nobre do Homem: o discurso.
Proponho a reestruturação da sustentabilidade dos jornais e a busca por caminhos que, simultaneamente, sirvam a democracia, os cidadãos e os servos da Informação.
Ansiosa pelas olheiras informacionais que me esperam e pela ausência de oportunidade de abstração, vou seguindo o caminho do sistema até ao bosque das decisões fatais.
Mais uns anos e começa a luta, mas, por agora, fico com o amor e com a ansiedade.
Partilha do sentimento?
Inspirado na vida,
IP
Responda às questões nos comentários. Viciados informacionais unidos.
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