5 de Outubro em Belém
Provida de uma imensa vontade de conhecer os aposentos íntimos da Presidência da República, parti eu para Belém, ainda nem despertara a cidade.
A viagem quase sem companhia - já que o fluxo de turistas e visitantes estava dormente àquele horário - foi coroada por uma bonita caminhada pelas calçadas que rodeiam o Palácio e o protegem de tal forma que a entrada parecia impossível.
Bem, quase impossível, isto é, depois de uma chegada pelas 10 da manhã, recebemos a feliz novidade de que a abertura dos Jardins Presidenciais só se realizaria pelas 2 desta mesma tarde.
Como uma "felicidade" nunca vêm só - e é isto o melhor da vida - este fim de semana inaugura-se um novo mês, sendo a entrada nos monumentos nacionais gratuita.
Aproveitamos, por isso, para, finalmente, explorar o Mosteiro dos Jerónimos (ainda se lembra da primeira visita? visite aqui) e subir a Torre de Belém.
Venha daí!
Jogos de Luz
Com total sinceridade, a primeira respiração perante o magnífico interior do Mosteiro foi, simplesmente, cortada.
O jogo de nós, cordas e conchas esculturais confere à beleza o detalhe que lhe permite ascender à alegria de ser divina.
São dois andares de luz e sombra, relevos e texturas, horripilantemente, extraordinárias.
Visita Abreviada
Apesar da inegável beleza, a visita é, igualmente, curta.
É permitida a entrada em ínfimas salas, que apresentam cartazes e raros artefactos históricos.
Uma visita obrigatória, mas, também, rápida.
A celebrar a República num pedaço de Monarquia...
Rumo à Torre
Após uma fila que se esvaiu, surpreendentemente, num piscar de olhos, impuseram-se dezenas de degraus esgotantes.
O esforço exigido não é pouco, mas é, de facto, compensado pelo magnífico terraço e andares intermédios com as suas sublimes sacadas e pormenores manuelinos.
Prepare o folego, o ânimo e o coração para uma perspectiva deslumbrante - ainda mais se privilegiada pela ocasional regata - do lânguido Tejo.
Um Último Olhar
Espreite as nesgas que a torre lhe oferece e delicie-se com os pedaços verdes deste Portugal líquido.
Estes monumentos são, definitivamente, a perfeita metáfora deste nosso país: monstros decrépitos no seu exterior, mas repletos de tesoiros - por vezes, menosprezados - no seu interior.
Não se deixe enganar pela cor gasta da cúpula ou pelos detalhes corroídos da Torre, uma tarde em Belém é sempre esta aventura pelos tempos idos de glória.
Acompanha-me?
Inspirado na vida,
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(Entradas grátis no 1º Domingo de cada mês)
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