A mala do ardina
Raros são os dias em que sobra espaço para uma ideia contrária. Na rotina deliciosa de todas as horas, lá vou eu por Lisboa com quilos de livros e jornais anexados à coluna já torta do esforço universitário.
Há uns meses atrás, propôs uma primeira expedição ao centro deste universo móvel (descubra-a aqui). Era, então, Estivo e ainda me não dedicava à doce arte de colecionar trabalho e conhecimento, que, facilmente, se traduziu na remodelação do dispositivo a transportar.
Regressada à escola e, pela primeira vez, devota da mala de um único servo, remodelei o interior do primeiro mundo, adicionando-lhe detalhes muito mais interessantes:
À tradicional carteira, juntei um porta moedas para pagar as dezenas de cópias e impressões, velozmente, exigidas.
À distração tecnológica proporcionada pelo telemóvel, acrescentei o jornal, religiosamente, lido a caminho de casa num misto de aventura e perigo (ainda mais numa calçada que exige concentração).
Ao vazio do batom e do pente, anexei múltiplos suportes de sabedoria: um dossier, uma agenda e um livro para sugar o tempo livro.
Por último, assassinei a liberdade estival com um saco reutilizável de compras, símbolo de tempos felizes e dolorosos do dever de quem vive sozinha e está, permanentemente, à beira da rotura de stock.
No final do dia de aulas, eis uma figura meio desbotada e inclinada pelo peso que, progressivamente, se acumula.
Talvez se trate de uma caricatura ou talvez seja uma pintura fiel de um estudante aplicado.
Que carrega no seu saco diário?
Inspirado na vida,
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